segunda-feira, 31 de maio de 2010

anti religião como sou, hoje até fui à missa!

 hoje foi incursão em Cambridge. o feriado de hoje [spring holiday, salvo o erro], permitiu isso, e as ruas estavam cheias de gente. o ambiente extraordinariamente académico e em qualquer rua, existe a surpresa dum college court. o que é impressionante, é o rigor e compromisso dos académicos nos seus rituais e deveres. e um deles, cola-se ao domínio da religião. o coro, king's college mixed choir. com togas em negro vestidas. catedral de king's college, imensa, altiva. que nos sente reduzidos. ecoam as vozes, do coro. em afinação extrema. de vozes baixas, agudas e contra-baixo. em rigoroso respeito ao maestro. arrepia, mesmo em agnosticismo.



não há publicidade nas paredes... as grades das igrejas servem para isso.

st. john's street


 st. catherine's college

corpus christi college

king's college
king's college


king's college

 king's college

 king's college

king's college


sábado, 29 de maio de 2010

amanhecer às 4.30, e não há estores!


na verdade é raro o sítio em que não consigo adormecer, tenha ou não claridade. o que nunca me tinha acontecido era acordar às 4.30 da madrugada com a luz a despontar já em pujança (ou a que é possível com o dia nublado de hoje]. Em semelhança à minha querida Holanda, estores são invenção dos povos mediterrânicos e é coisa que não há por estes lados. adoro acordar com o despontar do dia, mas hoje - só por hoje - eu tinha agradecido que amanhecesse a partir das 10h da manhã.

Cambridge é uma cidade de forte tradição universitária e académica, e todo o ambiente que potencia, de austeridade e  academismo. deparo-me com frequentes semelhanças com a holanda. a escala da cidade é óptima (amanhã vou explorá-la melhor), as montras (algumas com coisas horrendas, de puro gosto inglês e, portanto, duvidoso) são uma delícia de composições, os pubs a fazerem convites irrecusáveis de permanecer em toda aquela atmosfera, e as biciletas - em sentido contrário... por falar em sentido contrário, andar de carro à inglesa (no lugar do pendura) é assim qauqluer coisa fora deste mundo e do outro - as rotundas ao contrário, as ultrapassagens ao contrário, tudo ao contrário... que venha bem longe o dia em que terei de pôr mãos ao volante dum carro inglês...

Segue-se londres, hoje.

os primeiros testemunhos - Cambridge

cambridge | rio cam


o homem do leme

king's college


ponte dos suspiros [em imitação à de veneza]



a mulher do leme

é primavera!


jantar no italiano do jamie oliver!bom mas bom!


[a qualidade das fotografias não é a melhor...mas foi o que se pôde arranjar de improviso à falta de bateria da máquina]

quarta-feira, 19 de maio de 2010

lugar submerso

acredito que ainda hoje respira submerso... aquele lugar.

a construção tosca, saída das mãos de quem vê nas nuvens que vai chover amanhã ou depois. tosca. não havia parede direita, em prumo de perfeição. o claro e o escuro da textura ficava-lhe bem. a casa. das paredes, do chão, das portadas, das cores e das memórias.
à entrada os olhos azuis profundos que me esperavam sempre. na cadeira também ela tosca. a renda em perfeição, tecida no tear das mãos. cabelo branco, profundo. e o sorriso que não quero que a memória apague. o cheiro a estevas, e o cantar das cigarras no pico do calor. entrar naquele lugar aproximava-me das fantasias primitivas de qualquer criança. o baloiço, no eucalipto. o riacho em transparência. os animais. os mitos dos lobos. as cores. os cheiros.
os cheiros. qunado a noite caía, a candeia de petróleo exalava o cheiro da luz que fazia trémulas as paredes. toscas. as portadas ainda abertas, e a noite lá fora. quente. lembro-a sempre quente. e a madeira a estalar de cansaço do quente do dia. ainda os grilos a cantar, e eu a querer encontrar um. as sombras que deambulavam no luar que irrompia, sem licença. e algumas gigantes, que (me) traziam o medo. a rede que se suspendia, qual dossel, por cima de mim, aconchegando-me os sonhos, sem zumbidos de insectos da serra.
manhã. o sol so chegava já o dia ia quase a meio. no vale, o calor já se condensava. na cozinha, amarela, e ainda mais amarela com a luz que chegava, os rituais da manhã. as pataniscas com o mel. e não haverá leite nenhum que me saiba, sequer, como aquele ordenhado com as mãos duma vida, da Mimosa no palheiro. tentei uma vez a ordenha, as minhas mãos trémulas de 4 anos - lembro-me -, e o desalento de não conseguir uma pinga de leite da Mimosa. o cheiro da palha sub os pés e a ajuda de carregar um balde de leite, como a tarefa mais honrosa do dia. ainda hoje, pataniscas têm de ser acompanhadas com leite. e voltava ao amarelo, ainda mais amarelo, da cozinha. a mesa que me chegava ao queixo.
la fora as videiras em verde vivo, no branco da cal. os animais que por ali andavam, e eu a correr atrás deles. o baloiço suspenso no eucalipto; cortiça com cordas que me levava em instantes a consideráveis metros do chão. e a mota casal que me levava, a pendura, às memórias de quem ali cresceu.

este lugar, submerso, lá.

emerso, aqui.

terça-feira, 11 de maio de 2010

quarta-feira, 5 de maio de 2010

o tempo tem tempo dentro



o tempo tem tempo dentro. às vezes demoramos nele. outras, demora-se em nós. outras, ainda, trespassa-nos deixando um leve rasto do seu abandono. leve. ou pesado, depende. tenho estado ausente das palavras. destas que por vezes aqui surgem na sua condição intimista e circunscrita. não quer dizer que as tenha esquecido. nunca, na verdade. há sempre rabiscos que se escrevem em folhas de papel que as eternizam, até ver.
o tempo tem tempo dentro. e o meu tempo, este que hoje acontece e ontem se extinguiu, também, tem tempo(s) fugazes dentro. fugazes não será a palavra correcta. tempos, vorazes. vivo-os, em inteiro, e não me sobram mais que as memórias e vontades de ver, viver, o que realmente o apressa. ao tempo.

hoje tive uma surpresa, já anunciada, da imagem que hoje aqui partilho. a consequência das coisas que acontecem por este ou aquele motivo é sempre o alvo da minha perseguição. não me aptece fazer algo que não tenha consequência. e quando não a(s) tinha de início, no seu fim, reinvento essa sua história e acho-lhe a consequência. e torna-se útil, para mim (ciclo intimista, raios), saber que faz, fez e fará sentido. é um quadrado cinzento, letras gordas e negro este que aparece. mas ele em si próprio, encerra e abre toda a vontade que tenho de ver esta consequência meterializada. assim: LXfactory, 14.05.2010, em exposição.

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