sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

menos que nada



a minha estupefacção face à raiva da natureza exaltada no haiti, fi-la, não superficialmente, com umas poucas palavras. não significando, na verdade, a superficialidade com que assimilo as imagens que nos esventram. esventram, sim. se um dia tiveram menos que pouco, hoje, e desde há 10 dias, têm menos que nada. menos que nada. menos que nada. porque esvairam-se as esperanças dum recomeço. porque têm menos que nada. hoje e amanhã. não há. olhares enevoados, ainda, de pó. almas que sobrevivem em escombros do futuro. movimentos preguiçosos, porque a dor não permite mais. a podridão humana que é  sobrevivência desregrada. o desespero de poder ter esperança. porque é menos que nada.

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