domingo, 15 de junho de 2008

por vezes...



por vezes, são as pessoas mais improváveis que nos ensinam algo de intenso e inolvidável... Porque também somos as aprendizagens que nos permitimos fazer... Um dia, pode ser que tudo seja claro e evidente...

Zorbas pensou que a pobre gaivota estava a delirar e que com um pássaro em estado tão lastimoso ninguém podia deixar de ser generoso.
- Prometo-te o que quiseres. Mas agora descansa. - miou ele compassivo.
- Não tenho tempo para descansar. Promete-me que não comes o ovo. - grasnou ela abrindo os olhos.
- Prometo que não te como o ovo - repetiu Zorbas.
- Promete-me que cuidas dele até que nasça a gaivotinha.
- Prometo que cuido dele até nascer a gaivotinha.
- E promete-me que a ensinas a voar - grasnou ela fitando o gato nos olhos.
Então Zorbas achou que aquela infeliz gaivota não só estava a delirar, como estava completamente louca.
- Prometo ensiná-la a voar. E agora descansa que vou em busca de auxílio - miou Zorbas trepando de um salto para o telhado.
Kengah olhou para o céu, agradeceu a todos os bons ventos que a tinham acompanhado e, justamente ao exalar o último suspiro, um ovito branco com pintinhas azuis rolou junto do seu corpo impregnado de petróleo."

[História duma gaivota e do gato que a ensinou a voar, Luís Sepúlveda]


Fiquem em paz
Até uma próxima

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