segunda-feira, 27 de julho de 2009

senta-te, outra vez. se quiseres.

numa certa longitude memorial ficam todas aquelas introspecções que ecoavam na trivialidade dum lugar comum, que se tornaria, em cadência, um lugar singular. não pelas mesas ou cadeiras evocando uma ostentação relativamente capitalista. não. era muito mais do que esses artefactos caídos sem nexo. mas também não importava a sua disposição. havia mais. muito mais. tanto, que existiu numa dimensão que quase que se apagou e ressurgiu agora. continuo sempre a imaginar-te com o teu ar boémio e alucinado. não sei se personagem que, num heterónimo espiritual, optaste por incorporar, se, por outro lado, és mesmo assim. acredito que seja um misto. e tem a sua singularidade. sempre. dizia, que te continuo a imaginar boémio. não na vida (ou também na vida), mas nas palavras. sempre nas palavras. boémio num sentido particular. vadias nas palavras e bebes delas. boémio assim. gosto desta palavra. boémio.
conheci-te ainda menino. havia vida que já tinha passado por ti, ainda assim. agora imagino-te homem, com o resto da vida que terá passado entretanto e feito-te assim. e mais a que há-de vir. tornando-te ainda mais denso. lembro-me dos teus dias exuberantes em que nada mais havia do que sonoras gargalhadas. recordo-me dos dias - dos teus dias - que eras tu. sem artifícios ou personagens. nesses dias guardava para mim as conversas. encontrava-me contigo. contigo, na realidade. e eram esses momentos que faziam a nossa amizade. com e sem as metáforas ou pleonasmos ou hirpérboles que marcavam cada deambulação. assim nos entendíamos. do silêncio e da distância, fica isto. do passado. que é o presente do agora, podendo imaginar-te com o tempo e momentos e lugares e pessoas que terão passado por ti. e as palavras. que fizeste, também, tuas.

são para ti, estas.

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