domingo, 9 de agosto de 2009

foi assim...

acredito que há uns anos atrás tive um dos momentos mais reveladores da minha vida... um, que viria a determinar e a consubstanciar o presente e o futuro.
da adolescência que já tinha conhecido o seu início mas longe do seu fim, e numa tarefa simples de educação visual, sentei-me, regressada a casa, a um tosco estirador que o Pedro tinha construído alguns (poucos) anos antes que estava em frente a duas janelas no sótão de, agora, muitas noites em branco. Senti-me a mergulhar na candura duma folha de papel que absorveria e materializaria as ideias que, em compulsão, surgiam. não sei quanto tempo estive nesse processo, confesso. mas cada segundo catalizou, em permanente crescendo, esta certeza que se adensou e estabeleceu. sorria e sentia-me, à minha escala, importante. desci as escadas entusiasmada. quase delirante com a certeza que aquele momento me trouxera. "quero ser arquitecta. senti-me imensamente feliz ao estirador a desenhar." em verdade, já muitas vezes me tinham ouvido dizer o que queria ser quando crescesse. deliciavam-me os desenhos em que explorava a tridimensionalidade - também dos sonhos. Soube-o naquele momento. Aquela certeza que me moveu, ora por estradas de destinos divergentes, ora, finalmente, naquela que me leva - ainda -, nunca adormeceu. E inquietou-me até estar na sua direcção. E agora estou. E essa certeza, como a daquele momento, deixa-me imensamente feliz. Por saber. Por ter a certeza daquilo que muitos andam uma vida inteira à procura. Esta, eu já encontrei.


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