quarta-feira, 16 de junho de 2010

de londres

umas linhas escritas ao meu querido amigo Luís Miguel

Londres é a cidade que mais mexe comigo, de todas as que conheço. escrevia outro dia que estar em Londres, é estar no mundo num só lugar. a pluralidade de Londres fascina-me e assusta-me, confesso. A dimensão desta cidade -não só física, mas cultural e socialmente - é impressionante e, provincianismo ou não, leva tempo para mergulhar e absorver - e deixar ser abosrvido - por ela. Na verdade, os primeiros dias foram marcados pelas cadências naturais dum tempo e lugares desconhecidos. Inclusive, dando até direito a ser alvo dum roubo subliminarmente profissional, do qual nem me dei conta. resultado? 90 libras a menos e todos os documentos e demais coisas que se guardam numa carteira de senhora extraviados, com paradeiro, por esta altura, incerto. para que aumente o dramatismo da coisa, este sucedido foi no 2º dia da minha estada por cá. pode ver, meu caro, quão apaixonada estava por esta cidade por essa altura. durou um dia este ódio. não resisto à cidade. facto incontornável.


gosto destes rituais que marcam Londres. de sair ás 18 e ainda ter um mundo de horas à minha frente. dos amanheceres às 4.30 da manhã e dos anoiteceres perto das 21.30. no verão esta gente consegue ser feliz!:D e acho que o são em plena medida. o henning, vulgo chefe, é o exemplo desta paixão que se tem pelos pequenos momentos que, de tamanha simplicidade que incorporam, fazem cada dia diferente e especial. um desses momentos - e quando o tempo permite - é almoçar no jardim privado do bairro onde é o atelier, em bancos e mesas de madeira, a apelar ao imaginário do filme Notthing Hill. o henning cozinha para nós, todos os dias, e não há chefe nenhum que faça isto. o que é óptimo, poupa-se e come-se extraordinária comida.

escrevia eu da pluralidade. habituei-me às burkas. coisa estranha esta. habituei-me aos sikhs. coisa estranha esta. habituei-me a ouvir mais a pluralidade de tantas e outras línguas do que o inglês. utilizo semanalmente a estação de kings cross - onde ocorreram os alegados atentados, e tenho medo. Inglaterra não é Londres. garanto-te. Londres encerra em si o mundo das pessoas que chegam, ficam, e partem. o resto de inglaterra - segundo constato - apela mais a um lado urbanamente rural. o que é interessante. em meios mais pequenos - como Cambridge, onde aliás passo os meus fins de semana - há uma slow time life. o tempo dura mais, e há este hábito tão apaixonantemente rural de ir fazer compras às quintas que rodeiam a cidade de Cambridge. acho delicioso.

o que mais me atormenta neste momento é, seguramente, a procura de casa em Londres. não é fácil arranjar um espaço onde alies home feeling e afordable e com flatmates com quem tenhas uma quase imediata empatia. tudo se resolverá, e as semanas passam duma forma absolutamente intensa. fico com a ânsia - facto de que padeço duma forma quase crónica - de encontrar o meu espaço em Londres. isso permitir-me-á sentir a cidade na sua maior dimensão. e vivê-la com tudo o que nela existe. nesse momento sei que encontrei o meu lugar - não físico, entenda-se - nesta cidade. e aí, encontrarei uma maior tranquilidade.

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