quinta-feira, 22 de julho de 2010

estação de kings cross. conheço-a há dois meses e sei-a sempre a mesma. os abraços apertados de quem chega. as lágrimas escondidas de quem parte. a indiferença dos que permanecem por ali. inconstante. é-o sob todas as dimensões. e ontem observei, com tempo, toda a mutabilidade humana daquela estação. ela própria, a mesma. sempre a mesma. o joão tardava em chegar. a vinda de propósito a londres para jantar foi algo que me encheu o dia de ontem. foi bom reencontrá-lo, depois de dois anos sem o ver, depois de mais de doze anos de amizade. intermitente, sem deixar de o ser. mas gosto ainda mais por isso. não há compromisso. apenas e só saber que se está bem. um dia, e noutro. não todos os dias. e às vezes, nem todos os meses. há amizades particulares. esta é uma delas.e por ser assim, tenho-a em estima imensa.

já escrevi vários textos que ficam sempre inacabados e, invariavelmente, nunca os chego a tornar menos privados. as vezes deparo-me com a irreversibilidade de comparar este tempo e lugar a um outro que aconteceram e foram vividos na holanda há 3 anos. é erro maior. e cometo-o diversas vezes, involuntariamente. não é possível imaginar duas realidades mais díspares que envolvam as mesmas varíáveis. e não vou incorrer a dizer quais são as diferenças, porque são tantas e tão extensas que acho desnecessário referi-las ou explaná-las sequer. londres absorve-me da melhor forma possível. e, de dia para dia, deparo-me a vivê-la um pouco mais profunda e intensamente. e isso é, com aquilo que se permite aprender, a substância de pertencer, paulatinamente, a um lugar. esse é dos maiores confortos, para mim. saber-me a viver o lugar, com os rituais que dele fazem parte, as pessoas e os sorrisos, os cheiros e as cores, os reflexos e os ecos, as texturas. tudo, e mais, no seu conjunto, tornam o lugar singular na sua diversidade. e chegar a esse ponto de absorção do lugar é, acredito, poder começar a vivê-lo.

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