sexta-feira, 24 de outubro de 2008

crise de valores

já há algum tempo que queria escrever alguma coisa que reflectisse um pouco do que penso sobre uma das mais resguardadas partes da minha vida. Chamem-lhe amor, chamem-lhe paixões. Chamem-lhe o que quiserem. Não queria, no entanto, que isto tivesse um sentido profundamente lamechas nem ligeiro nem sexista. É sério isto o que vos escrevo. No seguimento do cartoon que coloquei aqui há uns dias, sobre a evolução dos sonhos da mulher, ri-me no mesmo minuto por me rever com o que lá vinha. Assustei-me uns momentos mais tarde quando a reflexão sobre tal coisa se instalou.
Ora bem, todos nós já tivemos boas e más, longas e não longas, marcantes e não marcantes relações. Há um momento que, já o disse muitas vezes, nos apagamos. Nós próprios do nosso próprio mapa. permitimo-nos a isso uma vez [e espero que uma e uma só] a vivermos para alguém, ao invés de COM alguém. Somos este mundo e o outro para a outra pessoa. Abdicamos de nós. Sim, abdicar de nós é uma expressão que serve na perfeição para descrever isto. Acontece, é um facto. E não nos damos conta. Não sei se por estarmos ávidos de poder amar, se por pensar que somos amados... Não sei. O que sei é, e muitos de vós também o saberão, e olhando para trás, tudo o que aconteceu permitiu-me estar aqui hoje e dizer: SEI EXACTAMENTE O QUE NÃO QUERO NUMA RELAÇÃO. Venha esta certeza das pequenas, médias ou grandes relações. Todas elas permitem o "é exactamente isto que não quero para mim!". Perfeito. Perfeito, perfeito, não é, no entanto, o desfasamento na minha concepção da palavra compromisso e aquela com a qual lido directa ou indirectamente quase todos os dias, não aquela mais próxima, a da minha família. Da minha família próxima, não há um só divórcio. Vivo num LAR [não o edíficio, o conceito] construído há mais de 33 anos. E é isso que faz sentido para mim. E não falo de casamento [porque cada vez acredito menos], falo de compromisso. Daqueles á séria, entendem? Quase daqueles em que se diz, utopicamente, "e viveram felizes para sempre"... E o sempre é tão relativo. E, vou ver se me faço entender, por este desfasamento entre realidade / o que acredito, entro numa crise de valores [não os meus, mas aqueles que sou "forçada" a aceitar]. Há quase uma realidade que é o pre-maid love, quase aquele que se compra e, ao fim dum tempo, devolve-se porque nos fartámos. Num ápice, nestes últimos tempos, várias foram as relações do meu grupo alargado de amigos que chegaram ao seu fim. E, digo-vos, tenho pena que assim seja. São quase duas realidades incompatíveis: aquela em que acredito e aquela em que vivo. Facto, aliás, que me faz dizer: cada vez acredito menos no amor. Neste. Não o meu.

fiquem em paz
até uma próxima

5 comentários:

Cromossoma X disse...

Hoje bateu fundo ler o teu post...Eu nao sou concerteza a pessoa mais experiente para falar do assunto...afinal namorei apenas com uma pessoa durante muito tempo (demasiado tempo...6 anos). Ao fim de 6 anos percebi que nao tinha vida propria, que tinha ha muito deixado de me agradar a mim propria para viver em funcao de outra pessoa...sera isso mau? nao sei...sabes? Avho que o farei sempre, pois sou incapaz de ver o amor como uma coisa estanque que encontre um limite naquiloq ue oferecemos e damos...
Mas ao fim de 6 anos eu, pela primeira vez, tive duvidas... duvidas fortes que a atitude da pessoa que estav comigo (acerditou que eu iria setar sempre ali...) nao ajudram a dissipar... e o amor, vivido daquela forma intesa e irreal, acabou.
Nao sei omeu futuro, nao sei o que me espera, mas acerdito na felicidade eterna. Acredito no amor eterno que se divide e multiplica ate' mais nao - talvez porque eu sei que ja' o vivi durante um determinado periodo de tempo. Acredito. E quero acreditar que vou voltar a ser feliz assim, desmensuradamente....!!! (E TU TAMBEM, QUERIDA!!!)

[anna] disse...

Pois é Sónia... Esquecermo-nos de nós,é mau. Encontrar o balanço entre agradar o outro e mantermo-nos presente é que, muitas vezes, se torna complicado. Não concebo a ideia [nem a realidade! quando vier] de saldo do que dou e recebo e cobranças disso. Não é assim... E por não ser assim, é que digo... Acredito menos. Lá no fundo, acredito no dia em que existirá alguém que me mudará as ideias e fará acreditar novamente... mas até lá... Living single's life!!!!
Beijinho grande para ti querida

rita disse...

Eu também não sou muito entendida no assunto mas acho que tens de pensar que "antigamente" as pessoas (e por isso é k se calhar não tens nenhum divórcio na familia e muitas pessoas da nossa geração também) preparavam-se de maneira diferente para o compromisso de que falas... o amor não dura para sempre, isso é seguro, mas o que se calhar mantém duas pessoas unidas durante muito tempo, no meu ponto de vista, é o facto de saberem construir (enquanto dura o amor e depois) "coisas" que ajudarão a manter a relação depois quando terminar a paixão, a ilusão e quando o dia-a-dia começar a acentuar os defeitos e as coisas menos boas: como a amizade, o respeito, a cumplicidade, a partilha, etc. Hoje em dia nós não nos preparamos tão bem para isto porque primeiro não estamos dispostos a fazer sacrificios (acredito que muitos casamentos duradouros de que falas têm uma boa dose de sacrificio pelo meio) e não temos paciência nenhuma para os outros (somos demasiado independentes) e segundo, porque se calhar também achamos que não é preciso estar com uma só pessoa a vida toda (e por isso nos relaxamos), não temos medo de ficar sozinhos e principalmente não vemos que isso seja nenhum pecado (tens de concordar que antigamente tb. era muito assim) o que não é necessariamente mau... e pronto... não há uma maneira certa, ou não é uma questao de acreditar no amor eterno ou não... nada é eterno... é só uma questão de saber qual o sentimento a que devemos dar mais valor em cada parte da nossa vida....
A verdade é que nós temos um só tipo de modelos, que de certa forma estão obsoletos, e por isso temos tantas dúvidas quando comparamos a nossa vida actual com a dos nossos pais e avós... nós somos a geração da transição, por isso os nossos filhos já terão mais exemplos por onde escolher e provavelmente já não terão tantos problemas em aceitar diferenças....

enfim... divagações nocturnas...

[anna] disse...

Totalmente de acordo Rita!!! E, por saber que essa alteração de realidades aconteceu, acredito que isso se deva a uma alteração social tremenda...a mulher hoje tem um papel muito mais independente e a carreira profissional assumiu uma dimensão gigante. É certo que já não existem todos aqueles preconceitos do que é supostamente correcto fazer. E não sou antiquada para dizer "antigamente é que era bom!"... Não me entendam mal. E sou defensora de que o sempre dura até quando queremos... A questão é que o conceito de compromisso é tão efémero que se dissipa tão fugazmente que me assusta. Não é mau. E também não é bom. Será o que o tempo e as vontades farão para que se dissipem estas dúvidas...
beijinho

Anónimo disse...

quando visitar o meu país, os meus pais farao 36 anos de casamento. Mais 7 anos de namoro.. confesso que quando penso nisso assusta.. serei eu capaz de estar tantos anos ao lado de uma pessoa? Dá que pensar... mas que nao nos tire o sono. Carpe diem... afinal desde que sejamos felizes.. ninguem sabe o futuro. e a vida é demasiado curta.. talvez seja simplista, mas enquanto nao encontramos a pessoa certa, vamo-nos divertindo com a errada....
Do oriente