domingo, 1 de fevereiro de 2009


há luzes e ideias e ventos que esventram as cidades - e tudo o que delas faz parte - colocando-as num imaginário que surge algures entre a realidade e a abstracção. Há lugares que me lembram pessoas, não por momentos aí partilhados, mas simplesmente porque há atmosferas que tendo a personificar. E são pequenas coisas, entenda-se. A luz que torna em diamantes as brutas e toscas pedras da calçada; a mistura de aromas que nos enbriam e nos levam para um imaginário comum; as pessoas, sempre as pessoas, que são a rua, também; as cores que, vibrantes de dia, tornam-se confortavelmente sombrias quando o breu é interrompido por deslocados e ténues faróis; os sons que ecoam, mesmo no rebuliço, e que tornam a cidade, também uma máquina [de ideias, sonhos, palavras, gentes...]; as texturas que relegam as apropriações por cartazes de revolta e manifesto; as surpresas que escondem as montras de tudo e de nada; o movimento vibrante da azáfama, da que existe e da que é um logro; as névoas que, pontualmente, aconchegam uma rua esquecida; as ruas de sinuoso traçado que brincam, entre elas; os momentos, os que não relegam, de todo, - antes enaltecem - o simbolismo e unicidade de cada pedaço de cidade, e que acontecem aqui, aí. Onde também somos nós.


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