quinta-feira, 24 de abril de 2008

de abril...

...não vivi no tempo da ditadura, não sei o que era a PIDE andar à caça do mais ínfimo deslize ideológico de alguém, não sei o que foram anos de repressão, não sei o que foi a censura, não sei o que foram perseguições, não sei o que foi "saber e ler apenas o que eles queriam", não sei como era os 30% do país sem água potável, não sei como era distante qualquer terra que ficasse além de Lisboa, não sei o que foi a mocidade portuguesa, não sei o que foi uma guerra, não sei o que foi a verdadeira luta política, não sei o que era a atmosfera obscura e dissimulada dos ambientes revolucionários académicos, não sei muitas mais coisas que - e por mais livros que leia - nunca cheguei a conhecer... Mas sei que Abril desse ano distante de 74 fez a diferença... Também distantes vão as vontades de democracia pura e dura... Longe também vão os anos em que surgia alguém com algum sentido estadista... Longe também vão os tempos em que não se esqueceram as mordaças de 40 anos de ditadura... Longe vão os fervores de querer mudar... Soava Afonso na rádio quando se inromperam pelas ruas as vontades e ideologias e vozes que foram silenciados durante anos... Distante vai o sentido de apreciar liberdade... Aconteceu [e ainda bem], e vem-se diluindo autisticamente em nós.... Onde é que estava no 25 de Abril de 74? Por aquela altura, nem em fase de ser pensada, estava... Não sei o que foi, certo. Mas sei que hoje posso estar em frente a este computador a escrever sem o medo de amanha ir ver o céu aos quadradinhos, com sorte. Porque hoje sou uma das filhas dessa madrugada....

Fiquem em paz
Até uma próxima

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